Alexandre Garcia, na edição de hoje (16/5) do Bom Dia Brasil:
"Prédios coloniais dão lugar caixotes horríveis
"Prédios coloniais dão lugar caixotes horríveis
O descaso com o patrimônio público vai além dos prédios antigos. Estátuas, monumentos históricos estão sendo depredados. É um desrespeito e um prejuízo aos cofres públicos que se repetem a toda a hora.
O desabamento do prédio no Rio é apenas uma amostra do que tem acontecido em uma das mais lindas cidades do país. Mas, infelizmente, acontece em toda a parte, das cidades maiores às menores. E não são apenas as estátuas, como bronzes mostrando a cena da independência, com todas as espadas arrancadas, mas também o patrimônio arquitetônico e religioso. Altares e imagens de igrejas centenárias são vendidos, como se Átila e seus hunos tivessem passado por elas.
Edificações históricas, que marcam época nas cidades, estão abandonadas, ruindo; teatros que viraram garagens. Até o poder público se junta à destruição não apenas pela omissão, mas também pela ação, demolindo marcos como antigas estações ferroviárias, pontes do Império, em uma onda burra de suposto desenvolvimento e modernidade.
Prédios coloniais ou da virada do século passado dão lugar caixotes horríveis que enfeiam as nossas cidades. O desrespeito à história do Bola Preta ou a Drummond, em Copacabana, que teve pela oitava vez os óculos arrancados, ou a obra genial de Brecheret que foi sujada de azul personagens das bandeiras, no Ibirapuera, tudo isso expõe a profunda carência dos que fazem isso.
É a única forma de aparecerem ainda que fiquem no anonimato. Muitos podem querer a punição da lei sobre os que estragam estátuas. Mas a punição maior é que isso desnuda suas almas que detestam o belo, o grandioso, expressando suas carências. Precisam de ajuda para viverem em paz com a vida".
É a única forma de aparecerem ainda que fiquem no anonimato. Muitos podem querer a punição da lei sobre os que estragam estátuas. Mas a punição maior é que isso desnuda suas almas que detestam o belo, o grandioso, expressando suas carências. Precisam de ajuda para viverem em paz com a vida".
A abordagem do jornalista serve muito bem para o que está acontecendo, há tempos, em Poços de Caldas: interesse privado prevalecendo sobre o interesse público e concessões inaceitáveis sendo decididas a pedido daqueles que deveriam ser os defensores da história da cidade.
Garcia refere-se até a um ponto específico que nos interessa: o poder público demolindo marcos como antigas estações ferroviárias ou pontes do Império, em uma onda burra de modernidade. Por demolir entenda-se não apenas derrubar, mas o estrago diário, a falta de manutenção permanente, o esquecimento forçado ou não.
Uma análise superficial sobre a adoção de banheiras plásticas na Thermas Antonio Carlos indica que a tal "modernização" é um tiro no pé: não há economia que justifique a troca das banheiras por outras de material "contemporâneo". As originais duraram 80 anos, dizem que as novas durarão 15 anos, se "mantidas adequadamente". Duvido que cheguem aos cinco anos. Terminadas as obras no Balneário, haverá festa, cerimônias formais, a imprensa local elogiará, reproduzindo (como sempre) das notas oficiais o "excepcional resultado da obra", os "ganhos para a população" etc. Isso se a reforma terminar no prazo e não houver um "desacordo comercial", tal como se justifica agora a paralisação da reforma do Palace Casino, cujo prazo de 18 meses já dobrou, e anda sem data para conclusão.
Teatros que viraram garagem? Temos a história do Polytheama. É fácil, também, ver a rápida deterioração da Estação Mogyana em Poços de Caldas, e convido qualquer um que queira me acompanhar numa despretensiosa "visita monitorada", se não bastar o vasto material fotográfico já publicado neste site.
Enquanto isso, o tempo vai passando, o patrimônio histórico de Poços de Caldas deteriora-se mais e mais, crises explicam mas não justificam a falta de investimentos no acervo, prefeitos, vereadores e conselhos se sucedem, e a história que vamos deixar para as futuras gerações vai ser a do abandono, do desleixo, do desprezo às origens. E quem ousa tocar no assunto é o "chato".
Enquanto isso, o tempo vai passando, o patrimônio histórico de Poços de Caldas deteriora-se mais e mais, crises explicam mas não justificam a falta de investimentos no acervo, prefeitos, vereadores e conselhos se sucedem, e a história que vamos deixar para as futuras gerações vai ser a do abandono, do desleixo, do desprezo às origens. E quem ousa tocar no assunto é o "chato".
Confira o vídeo com a opinião de Alexandre Garcia clicando aqui.
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