"Cuidar corretamente do patrimônio histórico é uma atividade da qual nossa cidade deve se orgulhar. Palace Casino em franca recuperação, Thermas Antonio Carlos aguardando o momento de receber a atenção merecida, casarão do Country Club recém-recuperado ou a breve entrega da Estação Ferroviária são bons exemplos de preservação e capacidade de atração para os mais diversos perfis de visitantes e moradores de Poços de Caldas.
Nesse momento, abril de 2010, um dos mais antigos e importantes patrimônios ainda existentes no município -talvez o mais antigo em condições originais, com 127 anos- pode desaparecer, engolido pelo mato e pela perigosa aproximação da expansão imobiliária: são os pilares do"Viaducto do Ramal de Caldas da Cia. Mogyana".
O livro "Memorial da Companhia Geral de Minas", de Don Williams e Alex Prado, reproduz uma descrição técnica da obra: "1883 - Companhia Mogyana, ramal de Caldas, viaducto de Poços. Viaducto em curva de 82 m. de raio. Encontros e pilares de alvenaria. Vigias de alma cheia. 5 vãos de 13 metros, cada um. Custo da obra 78:000$ ou 196.560 francos ao cambio de 24d. por 1$000”.
Construído entre 1881 e 1883, o viaduto, que servia ao Ramal de Caldas, trecho inaugurado em 1886 pelo Imperador Dom Pedro II, aqui presente com grande comitiva, é uma obra impressionante e que contribuiu para a reputação do Engº. Brodowski, seu construtor, mais tarde Inspetor Geral da Mogyana.
Em 1943 o percurso da linha férrea foi modificado, de modo a reduzir a inclinação em alguns trechos, visando aumentar a capacidade de carga dos trens. Esta alteração levou ao abandono do antigo viaduto, cujos trilhos foram retirados, restando hoje apenas os Pilares, construídos pela sobreposição de grandes blocos de pedra.
Com a criação de um novo bairro vizinho à PUC e outros loteamentos em implantação, o asfalto chegou muito perto dos Pilares, com a agravante de ter sido instalada uma grande manilha de águas pluviais nas imediações daquele sítio, o que pode contribuir para o aumento do volume hídrico junto às históricas construções, comprometendo definitivamente aquele precioso patrimônio.
O espaço pode ser transformado facilmente, como está hoje, num logradouro turístico denominado “Os Pilares da Mogyana”. Para tanto, basta seguir como exemplo o processo de “relançamento” das Ruínas da Usina Pioneira, ação recente realizada junto à Cascata das Antas, que transformou um aparentemente perdido espaço em belíssimo ponto de visitação.
Ainda há tempo para salvar os Pilares, num processo simples e de baixo custo para o município: cercar adequadamente a área, sinalizando-a como Ponto Turístico, destacando a importância da Ferrovia para o desenvolvimento da cidade nos materiais oficiais de turismo e realizar um projeto de iluminação da base para o alto, que certamente vai transformar os Pilares em um espaço também de contemplação noturna.
Para consultar a localização exata dos “Pilares da Mogyana” no Google Earth, as coordenadas são: 21º47'46".63S e 46º35'28.59"O. O sítio fica no vale entre o bairro Jardim Novo Mundo e a PUC, com acesso pelo trevo próximo à universidade.
Esse artigo foi enviado aos 12 vereadores da cidade, além do Poder Executivo, na figura de seus titulares e secretarias de Administração, Comunicação Social, Educação, Planejamento, Obras e Turismo e Cultura, bem como à mídia local".
Muito bem. Decorridos dois anos, o que aconteceu? De concreto, nada. Os Pilares da Mogyana, cuja denominação (modestamente de minha autoria) já "pegou" até na Prefeitura, continuam do mesmo jeito. Nesses dois anos protocolei um pedido de tombamento como patrimônio histórico não apenas dos Pilares, mas de todo o acervo ferroviário de Poços de Caldas ainda não protegido, isso em agosto de 2010, ainda sem resultados positivos.
Uma nova "zona de conforto" foi criada para justificar a imobilidade ou a lentidão da prefeitura, que agora passou a usar o chavão "é área da União" para não cumprir com suas obrigações em relação aos cidadãos poçoscaldenses ou aos históricos bens que um dia trouxeram (e transportaram) as riquezas da cidade.
Assim, o patrimônio ferroviário que não interessa à prefeitura ou algumas secretarias, simplesmente "pertence à União". E, decorridos dois anos, nunca recebi uma única resposta oficial aos emails enviados às "autoridades" citadas na última frase daquele artigo.
Rubens Caruso Jr.Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.
"Povo que não conhece sua história está condenado a repeti-la".
2 comentários:
Aqui na região a emissora filiada a rede globo EPTV- Campinas gosta de exibir estes assuntos inclusive com o sindicato da ex- Compania Paulista de E.F.///// já quando fui visitar o sindicato da mogiana todos no mesmo município, ninguém estava nem aí para mim na época;(estavam jogando sinuca) quando estive lá.
Tente contactalos....
Em 1986;passei a minha lua de mel em POÇOS DE CALDAS. E digo que até hoje nunca esqueci essa maravilhosa cidade. Na época ainda era funcionário da antiga FEPASA. E tirei várias fotos não só da cidade,como da estação ferroviária. Tenho ainda as fotos,(SÓ NÃO SEI AONDE ESTÃO),mas tenho vontade de voltar e visitar a cidade. Dessa vez levar minha neta.
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Memória de Poços de Caldas é um trabalho cultural, sem fins lucrativos, e democrático. Aqueles que quiserem se comunicar diretamente com o autor podem fazê-lo pelo email rubens.caruso@uol.com.br .