quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

ESTAÇÃO MOGYANA: NOVAS MOSCAS

Perdoem os leitores pela insistência no tema e a deselegância incomum do título acima, mas é preciso. Enganou-se quem pensou que a recente -e talvez provisória- troca de comando na Secretaria de Turismo e Cultura de Poços de Caldas traria melhorias imediatas justamente no prédio ocupado pela Pasta: a antiga, centenária e tombada como patrimônio histórico Estação Mogyana.
  
Ao contrário, a situação se deteriora a cada dia, sob o beneplácito do diretor de turismo, que permaneceu no posto apesar da queda da titular, e do novo secretário-interino, José Carlos Polli, atual secretário municipal de Comunicação Social, que ora acumula ecleticamente as funções.
  
Chama a atenção o fato de ter sido noticiado, no site da prefeitura, não apenas a reunião que o novo secretário promoveu com seus agora subordinados em plena secretaria (leia "Estação"), como a visita que ambos, secretário e diretor, realizaram às obras do Palace Casino. A íntegra da pauta pode ser conferida aqui.
   
Alguns pontos da notícia merecem comentários: "o secretário conheceu todo o trabalho que vai devolver à cidade um de seus mais belos prédios históricos". É correto, de fato o Casino é um dos mais belos prédios da cidade. Como é a Estação, sede da secretaria comandada por Polli. Será que ele -e qualquer ser humano- sente-se bem trabalhando no cenário das fotos abaixo, todas feitas em 04 de janeiro de 2012, versão revista e piorada do panorama mostrado no Memória de Poços de Caldas em 15 de dezembro passado?
   
Outra: "O secretário mostrou preocupação com o uso do prédio depois de restaurado". Nova essa. O assunto vem sendo discutido desde que começaram as obras no Palace Casino, todavia até o momento o secretário não demonstrou qualquer preocupação justamente com o prédio no qual está sua "nova" secretaria. Ao contrário, correu, como já fizeram vereadores e outras autoridades, para uma das "meninas dos olhos" da atual gestão municipal -filhote bonitinho, todo mundo é pai. Não vai surpreender se boa parte da imprensa de Poços de Caldas, que deve estar publicando a "importantíssima" notícia da visita do secretário ao Casino, em seguida tratar de uma visita às obras da Thermas Antonio Carlos, a outra "pérola" atual da cidade.
      
Acompanhe pelas fotos abaixo a situação desgraçada, porca, calamitosa, vergonhosa em que se encontra a Estação Mogyana -não custa lembrar que ali funciona a Secretaria Municipal de Turismo e Cultura e o  Centro de Informações Turísticas. E bem perto dali, a Câmara Municipal. 

 Piada de mau gosto: trenzinho de mentira sobre trilhos de verdade.
 Lixo acumulado sob uma cobertura precária.
 Trailer sem rodas. Dentro dele, jogado, um mictório.
 Veículo oficial passando sobre o piso histórico da plataforma.
 Marmitex com restos de comida para animais.
 Um dos animais que frequentam na Estação.
 "Coleção" de carrocinhas.
 O mais novo lixão da prefeitura.
Mais lixo. 
 Algum motivo para sorrir?
 Restos e sucatas de todo tipo.
 Cultura: uma coleção de "livrões".
Sala do "Circuito Caminhos Gerais". No detalhe, banner com a missão do projeto, no qual se lê: "evitar a degradação que privaria as gerações futuras de conhecer e usufruir dos bens feitos pelo homem". Para chegar à sala é preciso passar pela "barricada" de tranqueiras que estão na plataforma.

Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.
Rubens Caruso Jr.
 
Atualizando: hoje foi a vez da vice-prefeita Gláucia Boaretto, no momento prefeita em exercício, visitar as obras do Palace Casino. As autoridades poderiam combinar de irem juntos, mas aí não renderia  material de imprensa todo dia. Bom, melhor isso do que a nota oficial sobre as condições do Iraque. Alguns pontos "marcantes" da nota da visita:
   
"A prefeita em exercício, Gláucia Boaretto, destacou a importância histórica do prédio para Poços de Caldas e ficou encantada com as minúcias do trabalho que vem sendo executado"; "A prefeita em exercício já sonha em assistir a uma ópera no local"; "Todos os interessados podem agendar visitas monitoradas às obras do Palace Casino", e a melhor referência do texto: "O imóvel foi tombado através do Decreto Municipal nº. 3254/85, proteção conferida aos bens de valor excepcional que devam ser preservados por suas características originais".
  
Do lado de lá da Praça, a Estação Mogyana, também tombada por lei, mas que não recebe a mesma fila de interessados no rebentinho traquinas cheio de pais -e agora mães. Que tal umas "visitas monitoradas" à Plataforma?
  

7 comentários:

Rafael disse...

Como ja havia dito dias atras em outro post,só pode ser por pirraça o que estão fazendo...daqui a pouco vira estação turística pra urubus...

Rafael disse...

Insisto em dizer que deve ser por pirraça essa palhaçada toda...ou então,estão tocando um novo projeto de estação turística pra urubus...

Anônimo disse...

O problema é que os "vagões" e os trilhos permanecem o mesmo de uma Poços de Caldas que vai do nada para lugar nenhum. Estamos sem destino, sem rota, sem maquinista. Coitados de nós, meros passageiros.

Denis W. Esteves disse...

Caruso,
É lamentável essa situação. Mesmo depois de tudo o que já foi dito, das promessas do prefeito de que botaria a estação em ordem, da mobilização da população em defesa desse incrível patrimônio histórico e cultural, a situação só piora. Não é possível que o novo secretário, assim como a antiga, não consigam perceber o estado absurdo em que está o prédio.
Em minha opinião, nada mais se pode esperar desse pessoal. Só restam duas coisas a serem feitas (e devem ser feitas). A primeira é fazer valer nossa condição de cidadãos e tocar a coisa a ferro e fogo junto ao Ministério Público Federal. A outra é o que o Alex Leão disse: é guardar muito bem o nome dos responsáveis e jamais votar neles.
Abraços,
Denis

Alex Leão disse...

Caros caldenses, leitores deste magnifico blog: anotem os nomes citados nesta serie de reportagens sobre o descaso com o patrimônio cultural de Poços de Caldas, façam uma lista, identifiquem responsaveis e NUNCA MAIS votem neles!

Rubens Caruso Jr. disse...

RAFAEL, muitas vezes tenho essa impressão de pirraça, mas no fundo acho que esse pequeno trabalho não incomoda quem é cobrado a ponto de haver retaliação
Tanto é que a vice-prefeita Gláucia, o secretário Polli, o secretário Misael e outras autoridades não se manifestaram sobre a questão, embora provocados por email, devidamente arquivados, para que não aleguem desconhecimento um dia.
ANÔNIMO, tão complicado quando a falta de maquinista na locomotiva, é imaginar que esse maquinista vê barreiras construídas sobre os trilhos de sua locomotiva e as acha "legais".
DENIS, ninguém é cego. Mas querem enxergar é outra coisa. Felizmente há pessoas especiais em outras esferas do Poder olhando o assunto com lupa.
ALEX, se arrependimento matasse, o que ia ter de eleitor querendo se enforcar...
Penso que estou até extrapolando meu papel social de jornalista, indo além do simples publicar de informações. Infelizmente boa parte dos meus coleguinhas jornalistas insiste em ignorar o problema -teve uma até que falou num programa meia-boca de uma tv local que "se nem o monotrilho a gente conseguiu, imagia o trem...".
Outro problema é a vista-grossa ilógica que aqueles que se julgam "no poder" têm feito em relação ao tema, tão importante para a preservação da história da cidade quanto para o futuro de Poços de Caldas. Não canso de dizer que todo esse esforço de anos em prol da ferrovia nao se esgota na discussão romântica desse neto e bisneto de ferroviários.
Felizmente a comunidade começou a abraçar a causa. Diferente dos vereadores, que foram "convidados" a assinar a Petição Pública pela preservação e a volta da ferrovia a Poços - nenhum assinou ainda, mas um pouco de matemática os faria perceber que há candidatos que não se elegem por 5 ou 6 votos); idem para os membros do Condephact, apenas quatro assinaram a petição até agora. Não se deram conta que a petição não é apenas para o prefeito, mas para eles também.
Saudações.

EFGoyaz disse...

Que situação triste. Que degradação. Dá pra ver como eles enxergam a cidade. Como eles a tratam. Não votem neles nunca mais.

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