"Em Poços de Caldas, cita-se o caso do prefeito nomeado Ronaldo Junqueira. No último ano de seu mandato, em 1974, ele tomou um empréstimo de 19,6 milhões de cruzeiros junto à Caixa Econômica Estadual -com catorze meses de carência- ou seja, para começar a ser pago por seu sucessor nomeado pelo governador.
Com tal quantia, a Prefeitura recapeou todas as ruas centrais da cidade -jogando o asfalto sobre as pedras-, adquiriu um equipamento de rádio FM, iniciou as obras de um estádio municipal, sem falar em outros projetos turísticos de duvidoso retorno. Com isso, Poços de Caldas, além de ter um asfalto que se quebra à medida que as pedras do calçamento vão cedendo, talvez seja hoje uma das únicas cidades do mundo a ostentar som ambiente em suas ruas. Mas não solucionou o seu problema habitacional -existem cerca de quarenta loteamentos mal dimensionados, sem condições de receber os benefícios públicos -nem seus problemas com água e esgoto. E já tem um terço de sua arrecadação comprometido até 1984 com os juros e amortização da dívida".
O trecho acima faz parte de uma longa reportagem publicada pela revista Veja na edição 439, de 1977, sob o título "Municipios - O tormento do dinheiro".
Impressionante como três décadas depois a reportagem parece contemporânea: "asfalto ruim" deveria ser objeto de tombamento como "patrimônio cultural" da cidade; o "equipamento de rádio FM" é o que deu origem à rádio municipal Libertas, que precisa se libertar urgentemente de uma medíocre programação recém-adotada, cuja marca é a ausência de qualidade em nome da ampliação do alcance popular, em detrimento da função educativa e cultural que um veículo oficial deve carregar.
Impressionante como três décadas depois a reportagem parece contemporânea: "asfalto ruim" deveria ser objeto de tombamento como "patrimônio cultural" da cidade; o "equipamento de rádio FM" é o que deu origem à rádio municipal Libertas, que precisa se libertar urgentemente de uma medíocre programação recém-adotada, cuja marca é a ausência de qualidade em nome da ampliação do alcance popular, em detrimento da função educativa e cultural que um veículo oficial deve carregar.
Quanto aos problemas habitacionais e de água e esgoto, os recentes cortes de abastecimento que Poços de Caldas enfrentou (vão se repetir em 2011?), incluindo a grave contaminação da represa Saturnino de Brito -sem uma explicação convincente um ano depois além de "excesso de flúor", a citação que um secretário estadual fez em Poços de Caldas sobre a qualidade "muito ruim" da água da região, somando o fato de que 75% dos esgotos da cidade são despejados nos mananciais sem qualquer tratamento, culminando com a fala oficial recorrente de que há pessoas esperando moradia em listas desde 1990 explicam o quanto não avançamos na questão.
O estádio municipal, mantido como "secundário", a exemplo de outras praças esportivas (seu estacionamento serve de depósito do entulho do monotrilho há anos -clique aqui e aqui para conferir), ostenta justamente o nome de Ronaldo Junqueira, que foi prefeito da cidade de 1971 a 1976 e de 1978 a 1983, entre outros cargos de destaque. De acordo com o site da prefeitura de Poços de Caldas, Ronaldo Junqueira ocupa atualmente o cargo de secretário-adjunto de Serviços Públicos.
1 comentários:
É O VIVA NA MEMÓRIA...rsrsrsr
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Memória de Poços de Caldas é um trabalho cultural, sem fins lucrativos, e democrático. Aqueles que quiserem se comunicar diretamente com o autor podem fazê-lo pelo email rubens.caruso@uol.com.br .