NOITE TEM DOIS PAULISTAS POR DENTRO
O boliche Santiago, na rua São Paulo, abre à 6 da tarde fora de temporada, quando abre à 10 da manhã. Tem 6 pistas, serve lanches e refrigerantes, partida a 600 cruzeiros.
Santiago e seu amigo Ladislau, dois paulistas, um no boliche, outro no jantar-dançante do Floresta, comandam a arrancada noturna que pode terminar madrugadinha no Caiçara ou na boate do Palace.
O boliche Santiago, na rua São Paulo, abre à 6 da tarde fora de temporada, quando abre à 10 da manhã. Tem 6 pistas, serve lanches e refrigerantes, partida a 600 cruzeiros.
Boliche vai até o sol raiar. Mas à noite ainda há boates e jantar-dançante.
O jantar-dançante no Floresta é coisa nova, tem churrasco e pizza, ambiente quase de boate, decoração à base de bambu. Fica junto do hotel Floresta.
Depois de vender artigos regionais muitos anos, Wilson resolveu montar o que faltava em Poços: o Caiçara, casa de chá de dia, música boa de noite. Artista efetivo mesmo não há. Funciona na base da informalidade e muita bossa (nova). Um piano, uma bateria e um violão - João Viviani, que já tocou no Juão, em São Paulo, Toninho, garôto de 16 anos, e Laércio cantando, mas pode ser Moacir Franco, Carminha Mascarenhas e quem mais aparecer por lá. Especialidade da casa é sangue de vampiro, que de sangue só tem a côr.
Se a doença fôr tristeza, no Caiçara quem cai sara, assegura o Wilson, que conta a satisfação maior: uma noite parou na frente da casa um carro oficial, desceu um deputado mineiro seu conhecido, depois um homem baixo, atarracado, pescoço curto. "É êle", pensou, meio assustado de não estarem as coisas no exato para receber um presidente da República. O deputado o cumprimentou e apresentou o outro com um nome conhecido: Castelo Branco. E logo esclareceu: irmão do presidente.
A boate do Palace, aberta a todos, cobra pequena entrada e exige gravata a quem entra. Há música de orquestra, bebidas e dança. No Cassino joga-se carteado até altas horas.
Comer fora (do hotel).
Para o turista, comer fora significa comer fora do horário estabelecido no hotel, num lugar diferente. As perspectivas não são muitas. Há o Arruda, churrasco no espêto, 4 km da cidade pela estrada que vai a Andradas. Fica às margens da reprêsa Saturnino de Brito. Cêrca de CrS 4.000 por pessoa.
Outros restaurantes: Guaciara, na rua Junqueiras, ao redor de 4.000 também; mais os restaurantes Progresso e Castelões. Pizzas no Araújo, Ao Ponto e Floresta, razoáveis.
A 30 km de Poços, menos de meia hora sôbre asfalto, está Caldas - e, mais um pulinho de 4 km, tem-se a surprêsa de encontrar a estância que possui tantos hotéis quantas são as residências: Pocinhos do Rio Verde. Não é mais que uma rua, 500 metros de paralelepípedos, que quebra um pouco à esquerda, por cima de uma ponte, e acaba 100 metros depois numa porteira. Só. Meia dúzia de casas, e quatro hotéis.
COLITE NÃO AGUENTA SOSSÊGO DE POCINHOS
O alto da igrejinha
O alto da igrejinha
Um lugar tão sossegado que merece prêmio quem ali não sarar de corpo e espírito. A estância balneária de Pocinhos promete curar qualquer tipo de colite. E cura. Suas águas sulfurosas, bicarbonatadas, moderadamente quentes, podem até ser injetadas no organismo, segundo atestou o cientista Vital Brasil, que estêve em Pocinhos oito vêzes para estudá-la.
A capela de Pocinhos foi a môça Teresa quem construiu para agradecer uma cura milagrosa.
A igreja de Santa Teresinha fica no alto de um outeiro que se ergue, solitário, dominando a região: é o Alto da Igrejinha, na bôca do povo. Quem a construiu, há 30 anos, foi uma môça de Ribeirão Prêto, por nome Teresa. Pois Teresa percorreu tôda a Europa durante cinco anos, a fim de sarar, esteve na França, Suíça, e ninguém lhe deu jeito na colite.
Um dia lhe indicaram Pocinhos. Ela foi, instalou-se no hotel, fêz os exames e começou o tratamento. Todo dia, de manhã, a môça subia a pé o outeiro e ficava lá, meditando e falando com Santa Teresinha, a quem prometeu uma capela, bem no tôpo, se sarasse.
A igrejinha foi construída a muque, de gente e de burrinho, que é impossível subir-se de outro jeito. Nem o gado consegue e lá em cima a grama é sempre verde. A porta está aberta.
Prata não é da casa
Antes de chegar a Poços (32 km), vindo por Campinas, está Águas da Prata, perto do limite, mas ainda paulista. Sua fama não é pequena, a Água Prata, engarrafada lá, é conhecida no Brasil inteiro.
Tem várias fontes, entre elas a do Vilela, com água radiativa, boa para o sistema nervoso (banhos) e rins. A Prata é excelente para o fígado. Os hotéis principais são dois, São Paulo e Grande Hotel Prata, êste com boliche de quatro pistas, aberto também a quem não é hóspede.
HOTEL DE TODO PREÇO DÁ TETO A MEIA CIDADE
Uma das maiores concentrações hoteleiras do país está em Poços, e os preços são dos mais baratos em matéria de estâncias hidrominerais. O primeiro hotel surgiu no século passado, fundado por um mineiro rude, mas bom, que acabou barão. Chamava- se Hotel do Nhonhô, que êste era o nome do fundador, o barão do Campo Místico. Hotel de luxo mesmo só foi construído em 1911, no govêrno do prefeito Francisco Escobar. Era o Grande Hotel, perto da água Sinhazinha.
Quisisana nasceu com 100
Já que a preocupação inicial dos fundadores da estância era estabelecer logo um bom hotel, o resultado foi êste: cêrca de 100 hotéis e pensões na cidade, que, este ano, prometem levar aos cofres municipais 50 milhões de cruzeiros de taxa de turismo.
Há centenas de hotéis e pensões a escolher. O Floresta fica no meio do bosque.
Por longo tempo, o mais famoso foi o Quisisana, construído por Vivaldi Leite Ribeiro, em terras que pertenceram a José Piffer, o alemão que em 1911, construíra o Grande Hotel. Com todo o luxo possível, o Quisisana foi inaugurado em outubro de 1940 e, por mais de 20 anos, foi conhecido em todo o país. Em 1962, afinal, após a morte do fundador, foi vendido como condomínio de apartamentos.
Crack não mata palácio
A construção do Palace, imponente no meio da praça Pedro Sanches, começou em 1928 e, logo no ano seguinte, veio o crack do café. O país inteiro entrou em crise. Antônio Carlos era Governador de Minas e, apesar das dificuldades, conseguiu terminar os trabalhos em 1930. Na história também entra o mesmo Vivaldi Leite Ribeiro, do Quisisana, que arrendou o hotel e o cassino e contribuiu com capital seu para a conclusão das obras.
O Palace, que pertence à Hidrominas, recebeu mobília de primeira, tapêtes e passadeiras de veludo, louças finas, talheres de prata. O cassino entrou firme no jôgo, proibido mais tarde. Hoje, apenas se joga o carteado e, num dos salões, há máquinas americanas, tipo caça-níquel.
Os 1001 preços
Você se hospeda como quer, em Poços, pelo preço que lhe interessa. Há desde as pensões que alojam duas pessoas em quarto a 3.500 cruzeiros, com diária completa, até os apartamentos do Palace, diária completa a 30.000 por casal e 17.000 para solteiro. No meio dêsses extremos, alguns hotéis de primeira, dezenas de segunda, todos, em geral, com boa comida. O Palace tem, ainda, as termas para banhos e tratamentos e uma boate, que cobra entrada e exige traje a rigor. Temo e gravata também são exigidos no jantar. Reservas de fora, com entendimentos diretos por telefone.
O Minas Gerais também tem certo luxo. Cobra 23.000 para casal e 14.000 para solteiro, diária completa em apartamento. Em frente do Minas, rua Pernambuco, 615, está o Alvorada, cobrando 18.000 pata casal e 10.000 para solteiro, apartamento, sempre diária completa. Reservas também por telefone.
Reserva de fora
Simpático, o Floresta, meio fora do centro, no meio de umas árvores, ao lado do ex-Quisisana. Estêve fechado 3 anos, foi reaberto há um ano. Preços: casal 20.000, solteiro 15.000. Tem churrascaria-pizzaria dançante anexa. Aceita reservas de fora: São Paulo, na Agaxtur, Exprinter, Week End e Casa Faro; Rio, Avipan Turismo; Santos, Agaxtur Turismo.
Mais alguns hotéis: Presidente, 12.000 casal, 7.000 solteiro; Imperador, 14.000 e 7.000; Continental, 12.000 e 7.000; Excelsior, 11.000 e 5.500; Reis, 12.000 e 7.000; São Paulo, 10.000 e 5.000.
Em todos, não se esqueça, há sempre a taxa de turismo de 5%.
Em Águas da Prata, três hotéis principais. Eis os preços: Grande Hotel Prata, casal 18.000, solteiro 10.000, diária completa em apartamento; tem boliche também, com quatro pistas. Hotel São Paulo, casal 18.000, solteiro 10.000. Glória, casal 15.000, solteiro 10.000. Há ainda o Arpálice e outros menores
Pocinhos tem 3
Pocinhos tem apenas três hotéis, o maior dêles traz esta condição no nome: é o Grande Hotel de Pocinhos do Rio Verde. Há ainda o Rio Verde, o Pontes e uma pensão. Preços do Grande: casal, 14.000, solteiro 11.200. Fornece refeições avulsas (ótimas) a 2.000.
Carro também tem doutor
Quem viaja com o próprio carro pode precisar de oficina. Em Poços há vários revendedores e serviços autorizados. Ei-Ios: Simca, Sul-Mineira de Automóveis, rua Junqueiras, 240; Willys, Carvalho, av. Taubaté, 209, e Sodré Ribeiro, rua Pernambuco, 1.000; GM, Marinoni, rua Rio Grande do Sul, 766; FNM - Mercedes, Peter, rua Assis Figueiredo, 1370; DKW, agência DKW, rua Mal. Deodoro, 888; Volks, rua João Pinheiro, 1205.
Enquanto o carro fica pronto, você pode conseguir outro, num dos dois auto-drives da cidade. Um na rua Prefeito Chagas, outro na Assis. Há Volks e jipes, a 1.500 cruzeiros por hora, 50 para cada quilômetro de excesso (preços sujeitos a revisão êste mês).
Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.
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