quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O PASSADIÇO COBERTO E A MODERNIZAÇÃO DA THERMAS ANTONIO CARLOS


Da direita para a esquerda a foto acima, de 1900, mostra o Hotel da Empreza, seguido pelo consultório do Dr. Pedro Sanches, o passadiço coberto sobre o Ribeirão de Poços e, ao fundo, o Balneário Pedro Botelho. Esse belíssimo complexo ficava próximo da área onde hoje fica a Fonte Luminosa, no Parque José Affonso Junqueira.
  
Esse e outros conjuntos foram dando lugar a outras construções ao longo de décadas em Poços de Caldas, felizmente alguns sobrevivendo por 80 anos -caso da Thermas Antonio Carlos- ou mais.
  
É o momento de se levantar um debate sobre o quanto o poder público municipal pode ou deve interferir nos patrimônios quase seculares da cidade. Desde 2010 um assunto tem frequentado a mídia local, tendo como ponto de partida a própria área de comunicações da prefeitura: a realização de obras de restauração e modernização da Thermas Antonio Carlos. Em dezembro o site da prefeitura publicou que "a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig) estipulou o preço máximo da execução do projeto em R$ 11,2 milhões". Semana passada a questão foi tema de nova nota oficial.
  
Se por um lado a restauração é necessária, de forma a apagar de vez os vestígios de uma história recente marcada pelo abandono e precariedade (clique aqui e fique horrorizado com as imagens, que me custaram e ainda custam muitas "caras feias" de várias autoridades, uma vez que entrei numa espécie de zona proibida, fotografei e publiquei no Viva Poços o cenário...), por outro é preciso um profundo debate sobre a tal "modernização".
  
Até onde minha vista alcança, estão na "lista de sacrifícios" as banheiras originais inglesas e outras preciosidades de incalculável valor histórico. O que será feito lá? Como são esses projetos de "modernização"? Se já estamos aguardando a liberação de recursos, é óbvio que esses projetos já estão concretizados e não foram amplamente mostrados à população, ou eu não estaria aqui gastando o meu e o seu tempo. Como bem disse um leitor na ocasião em que publiquei as imagens, em 2008, "só falta colocar uns Blindex nas janelas e transformar em outlet...".
  
Transparência é necessária, debate idem. Na cidade das votações secretas, o que efetivamente está planejado para a Thermas? Onde mexerão? O que é a "modernização" que pretendem? As áreas hoje abandonadas do prédio, serão aproveitadas? Como? Essas e muitas outras dúvidas precisam ser levadas à discussão, e que não seja numa dessas capengas audiências públicas em horários impróprios. O assunto é tão misterioso que os R$ 11 milhões de que falam agora eram R$ 8,5 milhões em setembro de 2010, segundo a própria prefeitura, sem dar satisfações à população sobre o aumento de quase 32$ no valor do projeto. 
  
Enquanto a discussão não ganha corpo, padeço pensando que a Thermas pode caminhar para o mesmo destino sorumbático que a prefeitura deu à Estação Fepasa (a qual eu insisto chamar Estação Mogyana, não apenas pelo charme do nome, mas pela origem do espaço): um prédio muito maltradado, com remendos ridículos, calhas arrebentadas, o uso da plataforma como estacionamento e, claro, um blindex na porta. Isso para não dizer que boa parte daquele espaço tombado já foi apropriado por particulares, incluindo muros de um posto de combustível sobre o leito da ferrovia e outras obras que estão acontecendo por lá, sob as vistas (grossas) das autoridades. Ou algém acha que a Thermas chegou ao estrado em que se encontra hoje por acidente?
  
Em suma, Poços de Caldas não é modelo quando se fala de preservação de patrimônio histórico. Quem não concorda tem espaço aberto aqui para provar o contrário. É sim um desafio, tal e qual fiz em 12 de abril de 2010 ao enviar às principais autoridades locais (prefeito, vice-prefeita, secretários de administração, comunicação social, educação, planejamento, obras, turismo e cultura e os 12 vereadores) um pedido pela preservação e transformação em logradouro turístico dos Pilares da Mogyana. Até hoje não obtive um retorno sequer. Nem mesmo um lacônico "recebemos e vamos analisar". Nada. Zero.
 
Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.
  

1 comentários:

AnaCristina disse...

;-)

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