"Existiam no ano de 1882 três porteiras delimitando espaços na cidade: a da Esperança, a da Fortuna e a da Saudade.
A porteira da Esperança situava-se próxima à nascente das águas termais onde atualmente encontramos as Thermas Antonio Carlos. Era guardada pelo negro "Benedito", que tinha como ofício sua abertura e seu fechamento evitando assim que o gado e outros animais viessem beber da "água quente" e dessa forma sujassem suas nascentes. Certo dia, cansado deste trabalho e da raridade em que o gado incidia ao local, o negro abriu de vez a cancela e essa nunca mais se fechou: a entrada da esperança ficou assim escancarada para todos aqueles que chegavam de todos os cantos do país procurando a cura para seus males.
A porteira da Fortuna, guardada pelo italiano Vicente Petreca, abria-se para o interior do estado de Minas Gerais na altura da atual Rua Santa Catarina. Por ela passavam os tropeiros trazendo alimentos e produtos de que necessitavam os habitantes do local. Também atravessavam por ela enfermos vindo em liteiras e macas improvisadas em busca da recuperação da saúde perdida. Era chamada de porteira da Fortuna, pois todos aqueles que por ela passavam ganhavam sempre o bem-estar perdido ou os lucros decorrentes de transações comerciais.
A terceira porteira era vigiada pelo João Sabino, o primeiro agente dos correios de Poços de Caldas. Situava-se próxima à Fonte dos Macacos. Era um velho que só trajava vestes brancas, e que apesar de bondoso e querido pelos moradores era bastante temido: ninguém o procurava para que abrisse a porteira da qual era guardião. João Sabino guardava a porteira da Saudade, que delimitava o território do cemitério local: quem ali solicitasse a chave de entrada não mais saía.
Assim, a lenda das três porteiras persistiu através dos anos e fez com que essas demarcassem e alargassem a história da cidade de Poços de Caldas".
Contou Mario Mourão em seu "Poços de Caldas - Síntese histórico-social", de 1952.
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