Importante trabalho de pesquisa acadêmica encontrou, no Arquivo Público Mineiro, em Belo Horizonte, os manuscritos do “Questionário enviado aos municípios mineiros em 1893, Município de Poços de Caldas”, então denominado “Villa de Poços”.
O material é considerado, pelas autoras Fernanda Mendes Resende e Ana Maria Brochado de Mendonça Chaves, “uma das fontes primárias mais antigas encontradas sobre o município de Poços de Caldas”.
O questionário, elaborado no governo de Afonso Pena (1892-1894) e enviado às localidades mineiras, ficou conhecido como “Enquete Campista”, em razão do envolvimento do então funcionário público David Campista no projeto.
O questionário “Villa de Poços” traz informações relativas aos aspectos físico, social, econômico, político e cultural de Poços de Caldas no ano de 1893, bem como apresenta alguns registros históricos que datam da época de fundação da localidade (1872), apresentando dados precisos como o número de casas, ruas, praças, escolas, etc.), além de características do clima, hidrografia, relevo e riquezas naturais da região, especificamente sobre as águas termais e sulfurosas, descrevendo as suas propriedades medicinais.
Confira algumas informações constantes no material, na grafia original:
"A freguezia de Poços de Caldas, destacada da antiga parochia de Caldas, foi elevada a freguezia, sob a denominação de Freguezia de Nossa Senhora da Saúde das Aguas de Caldas, pela lei de no 2542 de 6 de dezembro de 1879 e elevada á Villa (sem fôro) depois da proclamação da Republica, 1890. A povoação tem 282 casas e 50 em construção. Tem 20 ruas e uma praça, a Praça do Senador Godoy. Não ha edificios públicos. Este districto tem 2000 habitantes, fixos."
"A curiosidade natural, que existe na povoação, são as fontes thermaes e sulfurosas, que compõem dous grupos hydrologicos: o de Pedro Botelho e o dos Macacos. Estas aguas são aconselhadas nas (doenças) horpatica, escropulosa e syphilitica; nos diversos generos de rheumatismo; nas catarrhas das mucosas; na (sirrose) e sua (cura); nas ulceras; nos (eussigitamentos) organo (hyperphatismo). Como o clima é excellente, estes ares sugerem a saude e dão nova vida."
"A unica industria aqui é a do gado, o fabrico do queijo e do leite; tudo se faz, porem, a moda antiga. O trigo e a uva dão perfeitamente aqui. Quanta riqueza desaproveitada!
"Aqui está tudo por fazer: não temos ruas, não temos praças, não temos pontes, não temos illuminação, nada em summa. Ora, considerando que Poços é uma Estância Balneária de primeira ordem, tanto que é a unica Thermal e sulfurosa do Brazil; considerando que para aqui affluem, todos os annos, banhistas de diversos pontos do Brazil e estrangeiros de toda a procedência, é uma vergonha que as cousas continuem como são. Eu creio que com 2:000:000:000 podia-se fazer de Poços uma povoação capaz, desde que houvesse plano de obras."
"A villa de Poços precisa de tudo: não tem ruas, não tem pontes sobre o Ribeirão; não tem serviços de agua e esgoto; não tem illuminação publica; nada absolutamente; tudo está por fazer, e não obstante isso, vamos gastar centenas de contos, nós os Mineiros, com a edificação de uma nova Capital: faz lembrar a casa de luxuosa sala; criteriosamente (com fundos?) imunda e pobre!"
"Ha aqui duas aulas publicas; de primeiras letras, para o sexo masculino e feminino; a frequencia media d´estas aulas não chega a 40 alumnos, diariamente. Ha dous collegios particulares, um para meninos, dirigido pelo illustre professor, Sr. Francisco Furtado de Mendonça Filho, e outro para meninas, dirigido pela Exma. Sra. D. Laudelina Jorsey, habil educadora, conhecida no Rio de Janeiro. Ambos estes collegios são muito frequentados: o primeiro já não tem commodos para alumnos e procura o seu director em fazer um vasto edifício, por meio da sociedade; o segundo, o de meninas, vai ter edifício próprio, graças ao patriotismo do cidadão Cap. Manuel Junqueira."
A íntegra do material publicado na internet pode ser acessado clicando aqui.
O material é considerado, pelas autoras Fernanda Mendes Resende e Ana Maria Brochado de Mendonça Chaves, “uma das fontes primárias mais antigas encontradas sobre o município de Poços de Caldas”.
O questionário, elaborado no governo de Afonso Pena (1892-1894) e enviado às localidades mineiras, ficou conhecido como “Enquete Campista”, em razão do envolvimento do então funcionário público David Campista no projeto.
O questionário “Villa de Poços” traz informações relativas aos aspectos físico, social, econômico, político e cultural de Poços de Caldas no ano de 1893, bem como apresenta alguns registros históricos que datam da época de fundação da localidade (1872), apresentando dados precisos como o número de casas, ruas, praças, escolas, etc.), além de características do clima, hidrografia, relevo e riquezas naturais da região, especificamente sobre as águas termais e sulfurosas, descrevendo as suas propriedades medicinais.
Confira algumas informações constantes no material, na grafia original:
"A freguezia de Poços de Caldas, destacada da antiga parochia de Caldas, foi elevada a freguezia, sob a denominação de Freguezia de Nossa Senhora da Saúde das Aguas de Caldas, pela lei de no 2542 de 6 de dezembro de 1879 e elevada á Villa (sem fôro) depois da proclamação da Republica, 1890. A povoação tem 282 casas e 50 em construção. Tem 20 ruas e uma praça, a Praça do Senador Godoy. Não ha edificios públicos. Este districto tem 2000 habitantes, fixos."
"A curiosidade natural, que existe na povoação, são as fontes thermaes e sulfurosas, que compõem dous grupos hydrologicos: o de Pedro Botelho e o dos Macacos. Estas aguas são aconselhadas nas (doenças) horpatica, escropulosa e syphilitica; nos diversos generos de rheumatismo; nas catarrhas das mucosas; na (sirrose) e sua (cura); nas ulceras; nos (eussigitamentos) organo (hyperphatismo). Como o clima é excellente, estes ares sugerem a saude e dão nova vida."
"A unica industria aqui é a do gado, o fabrico do queijo e do leite; tudo se faz, porem, a moda antiga. O trigo e a uva dão perfeitamente aqui. Quanta riqueza desaproveitada!
"Aqui está tudo por fazer: não temos ruas, não temos praças, não temos pontes, não temos illuminação, nada em summa. Ora, considerando que Poços é uma Estância Balneária de primeira ordem, tanto que é a unica Thermal e sulfurosa do Brazil; considerando que para aqui affluem, todos os annos, banhistas de diversos pontos do Brazil e estrangeiros de toda a procedência, é uma vergonha que as cousas continuem como são. Eu creio que com 2:000:000:000 podia-se fazer de Poços uma povoação capaz, desde que houvesse plano de obras."
"A villa de Poços precisa de tudo: não tem ruas, não tem pontes sobre o Ribeirão; não tem serviços de agua e esgoto; não tem illuminação publica; nada absolutamente; tudo está por fazer, e não obstante isso, vamos gastar centenas de contos, nós os Mineiros, com a edificação de uma nova Capital: faz lembrar a casa de luxuosa sala; criteriosamente (com fundos?) imunda e pobre!"
"Ha aqui duas aulas publicas; de primeiras letras, para o sexo masculino e feminino; a frequencia media d´estas aulas não chega a 40 alumnos, diariamente. Ha dous collegios particulares, um para meninos, dirigido pelo illustre professor, Sr. Francisco Furtado de Mendonça Filho, e outro para meninas, dirigido pela Exma. Sra. D. Laudelina Jorsey, habil educadora, conhecida no Rio de Janeiro. Ambos estes collegios são muito frequentados: o primeiro já não tem commodos para alumnos e procura o seu director em fazer um vasto edifício, por meio da sociedade; o segundo, o de meninas, vai ter edifício próprio, graças ao patriotismo do cidadão Cap. Manuel Junqueira."
A íntegra do material publicado na internet pode ser acessado clicando aqui.
0 comentários:
Postar um comentário
Memória de Poços de Caldas é um trabalho cultural, sem fins lucrativos, e democrático. Aqueles que quiserem se comunicar diretamente com o autor podem fazê-lo pelo email rubens.caruso@uol.com.br .